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Este é um blog que funcionará como um diário de leitura da disciplina de Linguística Textual, nele serão postados resumos, fichamentos e comentários relacionados aos conteúdos trabalhados da disciplina, e que se destinará aos alunos do curso de Letras Português da UERN e também aos demais que se interessarem pelos assuntos abordados.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

REPENSANDO A TEXTUALIDADE - Maria da Graça Costa Val (FALE/UFMG)

SÍNTESE


O texto “Repensando a textualidade” de Maria da Graça Costa Val é um estudo sobre os principais aspectos da textualidade. No primeiro momento da obra é apresentado pela autora um breve percurso histórico da Lingüística Textual, e no segundo momento da obra a autora realiza uma discussão a respeito dos conceitos que vieram a surgir de textualidade, dando foco principalmente as chamadas “meta - regras” desenvolvidas por Charolles (1978).

Val inicialmente apresenta uma conceituação de textualidade, dizendo que este termo vem sido entendido desde os primeiros momentos da Lingüística Textual como um conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma seqüência de frases, em seguida fala da preocupação da Lingüística Textual nos anos 60 em estudar os fenômenos que ultrapassam os limites das frases, e é a partir daí que se recorre ao conceito de textualidade, realiza em seguida um breve percurso histórico da Lingüística Textual, fala nas três vertentes da lingüística, dando destaque para como era visto o texto em cada uma delas, na primeira vertente diz à autora que o interesse estava em explicar fenômenos no campo das frases, foi ai que surgiu a necessidade de se ultrapassar esses limites e assumir o texto como objeto de estudo, na segunda vertente em virtude das discussões já realizadas o texto começa a ganhar novos sentidos e passa a ser visto aqui como uma unidade lógico-semântica e também como um todo estruturado cuja significação, cuja coerência se faz no plano global, já na terceira vertente a intenção é construir teorias de texto.

Depois de fazer este percurso Val realiza uma análise de algumas obras contemporâneas dando ênfase as diferentes concepções de textualidade que começam a surgir, os primeiros lingüistas citados são Halliday & Hasan (1976), estes vêem o texto como uma unidade de língua em uso, que é mais bem compreendido como unidade semântica, uma unidade não de forma, mas de significado, estes consideram a textura, ou seja, a textualidade, uma propriedade que deriva do fato de que o texto funciona como uma unidade em relação a seu contexto e que envolve além das relações semânticas de coesão, internas ao texto, a consistência de registro, os segundos a serem citados são Harweg (1968) e Marcuschi, Harweg vai considerar como elemento determinante da textualidade os pronomes e define texto como “cadeia pronominal ininterrupta”, isso no primeiro momento da Lingüística Textual diz autora, pois no segundo momento fortalece-se uma posição contrária, os terceiros mencionados são Koch & Travaglia (1989), Koch & Travaglia (1990), Koch (1989, 1997) estes assumem posição assegurando que a coerência é que dá origem a textualidade e que há muitos textos sem coesão que apresentam coerência, entretanto para a autora do texto a crescente compreensão dos aspectos cognitivos, pragmáticos e discursivos do texto leva hoje à superação dessa própria discussão, os quartos aludidos são Beaugrande & Dressler (1981), segundo ela esses postularam os sete princípios que constituem a textualidade, criando a comunicação social. São eles: coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade e intertextualidade; além dos três princípios que regulam e controlam a comunicação textual que são: eficiência, eficácia e adequação.

A começar pela coesão, essa não é decisiva por si mesma, e a coerência é construída por operações de inferência, em que um texto não faz sentido pela interação entre os conhecimentos que apresenta e o conhecimento de mundo de seus usuários. Enquanto aos outros cinco princípios de textualidade, afirma a autora que são noções centradas nos usuários, têm a ver com a atividade de comunicação textual em geral, por parte tanto do produtor quanto do recebedor. Já a intencionalidade e a aceitabilidade são definidas de acordo com as atitudes, objetivos e expectativas do produtor e do recebedor, respectivamente. Alguns autores citam também a informatividade que é avaliada em função das expectativas e conhecimentos dos usuários, dependendo do grau de novidade e previsibilidade do texto do texto, na qual, quanto mais previsível, menos informativo será o texto para determinado usuário, porque acrescentará pouco às informações que o recebedor já tinha antes de processá-lo e vice-versa. A situcionalidade é outro fator importante para a textualidade, na qual depende menos de sua correção em termos de correspondência ao “mundo real” e mais da credibilidade e relevância que lhe são atribuídas numa determinada situação, e o último princípio de textualidade apontado por Beaugrande & Dressler (1981) é a intertextualidade que faz a produção e a recepção de um texto depender do conhecimento de outros textos.Val diz ainda sentir-se a vontade em falar desses dois últimos lingüistas citados, afirma que muitos dos trabalhos produzidos por eles tornaram os padrões de textualidade como características do texto em si, ela salienta ainda que eles pensam a textualidade como modo de processamento e não como conjunto de propriedades inerentes ao texto enquanto produto.

Após desenvolver toda essa análise recorrendo aos estudos feitos realizados por Conte, Val dar início a outra discussão, enfocando outro texto de grande importância para a Lingüística Textual que é o artigo Introductino aux problèmes de La coherence des textes de Charolles, ela ressalva a importância do artigo articulando que Charolles tenta explicitar o sistema implícito de regras de coerência com o qual operamos na produção, interpretação e avaliação de textos, e aponta em seguida as quatro “meta-regras” distinguidas por ele, essas são consideradas como regras constituintes da coerência, a primeira meta-regra de repetição vai dizer que para que um texto seja coerente, é preciso que contenha, no seu desenvolvimento linear, elementos de recorrência escrita, a segunda meta-regra vai se destinar a progressão e vai destacar que para um ser coerente, é preciso que no seu desenvolvimento uma contribuição semântica constantemente renovada, a terceira meta-regra refere-se à não-contradição e coloca que um texto pra ser coerente é preciso que em seu desenvolvimento não se introduza nenhum elemento semântico que contradiga um conteúdo posto ou pressuposto por uma ocorrência anterior, ou deduzível desta inferência, e por último a quarta meta-regra que é chamada por Charolles de relação que enfatiza que para uma sequência ou texto seja coerente, é preciso que os fatos que denotam no mundo representado estejam diretamanete relacionados.

A autora explica por que escolheu falar das metas-regras traçadas por Charolles, e diz que elas se mostram bastantes úteis em sala de aula por que ‘destrinçam’ de que se constitui a coerência, possibilitando ao professor orientações e avaliações mais objetivas, menos dependentes de gosto ou crença pessoal, no trabalho com textos. Val conclui o seu texto dizendo que a posição seguida por ela pode vim a deixar os professores um pouco perplexos e levantar questões como a seguinte: ‘se tudo é texto, se não há diferença entre texto e não-texto, se não se pode dizer que um texto não tem coerência ou não tem coesão, então tudo o que os alunos escreverem ou disserem estará bom , não resta nada a fazer em sala de aula!’. Diz ela acreditar que ao contrário, este modo de compreender a textualidade abre perspectivas promissoras para o ensino, e mostra em seguida algumas das possibilidades de aplicação que ela ver para esse quadro teórico em aulas de Língua Portuguesa.

Língua Portuguesa em debate: conhecimento e ensino/José Carlos de Azeredo (organizador). 4. Ed. - Pretópolis, RJ: Vozes, 2007.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

TEXTO E INTERTEXTUALIDADE

O terceiro seminário foi apresentado em 28 de julho e contou com a nossa participação (Lícia e Lígia), o nosso trabalho teve como objetivo principal abordar o fenômeno da intertextualidade a partir dos estudos realizados por KOCH (1991, 1994, 1997a, 2004), seguindo esta linha temática começamos por apresentar a concepção de intertextualidade, que segundo Koch ocorre quando em um texto esta inserido outro texto (intertexto) anteriormente produzido, que faz parte de memória social de uma coletividade, o fenômeno da intertextualidade vai ser assim a retomada a outros textos. Para que entendamos melhor analisemos o fragmento a seguir:

E AGORA JOSÉ?

[...] Temo que por muitas cabeças passe a idéia de, nas próximas eleições, em 2006, anular o voto ou votar em branco. Seria um desastre. O voto é uma arma pacífica. Deve ser usado com acuidade e sabedoria.
Em todo esse proces
so é preciso destacar os políticos que primam pela ética, pela coerência de princípios e pela visão de um novo Brasil, sem alarmantes desigualdades sociais. Antonio Callado, em sua última entrevista, a esta Folha, disse que perdera "todas as batalhas” [...]

Aprendamos com Gandhi a fazer hoje, a partir de nossas práticas pessoais e sociais, o mundo novo que sonhamos legar às gerações futuras. Deixemos ressoar no coração as palavras de Mario Quintana: "Se as coisas são inatingíveis... ora!/ Não é motivo para não querê-las.../ Que tristes os caminhos, se não fora/ A mágica presença das estrelas!".

Fonte: CHRISTO, Carlos Alberto Libâneo, O Frei Betto, Folha de S. Paulo, 25 jul. 2005.

Esses recortes foram retirados de um texto publicado na folha de S. Paulo , e neles podemos observar justamente o que vem a ser a intertextualidade, o Frei Betto autor do texto recorre a outros textos explicitando algumas fonte como as seguintes:

Antonio Callado, em sua última entrevista, a esta Folha, disse que perdera "todas as batalhas” [...]







Deixemos ressoar no coração as palavras de Mario Quintana: "Se as coisas são inatingíveis... ora!/ Não é motivo para não querê-las.../ Que tristes os caminhos, se não fora/ A mágica presença das estrelas!".





É a presença desses fragmentos discursivos no texto de Frei Betto que realiza a intertextualidade, nesse texto além dessas duas fontes reveladas, existia mais uma fonte que não foi explicitada, e isso por que o autor já supôs que era do nosso conhecimento, que foi a poesia de Carlos Drummond de Andrade: E agora José? essa é uma das características da intertextualidade ela tanto pode se dar explicitamente como também implicitamente, na intertextualidade explícita cita-se a fonte do intertexto, enquanto na intertextualidade implícita não é expresso a fonte, cabendo a nós leitores recuperarmos em nossa memória social. Observemos os exemplos a seguir de intertextualidade explícita e implícita:

1. EXPLÍCITA


O assum-preto não é qualquer assum-preto.

é um assum-preto especial. O nordeste do Brasil está

cheio deles. Mas esse era diferente. Era cego.

Quer dizer: furaram os olhos do assum, para ele

assim cantar melhor. cantava mesmo.

E cantava mesmo. Não podia fugir, não podia voar,

só podia ficar cantando. Vai cantar para sempre, na letra

mais triste da música linda que o Luiz Gonzaga escreveu.



2. IMPLÍCITA















Muitas vezes no processo de escrita recorremos a outros textos, hoje quase todos os textos produzidos estabelecem um diálogo com outro texto encontrado em experiências anteriores, como afirma BAKHTIN (1992: 291) “cada enunciado é um elo da cadeia muito complexa de outros enunciados”. É importante frisar que a identificação da intertextualidade presente em determinados textos, vai depender também do repertório de leitura que o leitor venha a ter, para ocorrer uma produção de sentido necessário se faz o conhecimento de outros textos, vale lembrar também que a presença de fragmentos discursivos em outros textos vai provocar conseqüentemente a construção de novos sentidos, e que a intertextualidade vai ajudar na identificação dos diferentes gêneros textuais. Vejamos mais alguns exemplos de intertextualidade que se dar tanto atarvés do processo de escrita como também através do plano visual:


Exemmplo 1.

























SLOGAN: “ Seja você. Seja Marisa”

Nesse texto a Marisa rede de lojas que vende roupas,dar destaque ao dia dos namorados e realiza

uma intertextualidade dialogando com a história de Adão e Eva.


Exemplo 2.




















SLOGAN: "Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima"

O propósito comunicativo desse anúncio da Bombril é igualar seu produto a uma obra de arte famosa, e dialoga com o texto da Mona Lisa de Da Vinci.


E num sentido mais amplo a intertextualidade se faz presente em todo e qualquer texto, como componente decisivo de suas condições de produção. Isto é, ela é condição mesma da existência de textos, já que há sempre um já-dito, prévio a todo dizer. Segundo J. Kristeva, criadora do termo, todo texto é um mosaico de citações, de outros dizeres que o antecedem e lhe deram origem. E Como vemos também a intertextualidade é um elemento constituinte e constitutivo do processo de escrita/leitura e compreende as diversas maneiras pelas quais a produção/recepção de um dado texto depende de conhecimentos de outros textos por parte dos interlocutores, ou seja, dos diversos tipos de relações que um texto mantém com outros textos.


Referências:

KOCH, I. V; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2 a ed. 2 reimpressão. São Paulo: Contexto, 2008.

INTERTEXTUALIDADE, Disponível em: <http://www.google.com.br/images?client=qsb-win&rlz=1R3GGLL_pt-BRBR376BR380&hl=pt-BR&q=intertextualidade&um=1&ie=UTF-8&source=og&sa=N&tab=wi >, Acesso em:19 Jul. 2010.